O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, afirmou nesta segunda-feira (29) que a estatal não trabalha, neste momento, com a perspectiva de privatização, mas com a ampliação de parcerias, inclusive de caráter societário, como parte do plano de reestruturação da empresa. A declaração foi feita durante coletiva de imprensa em que detalhou as medidas adotadas para enfrentar os prejuízos bilionários acumulados pela companhia.

Correios Descartam Privatização
Segundo Rondon, os Correios estão contratando uma consultoria externa para avaliar possibilidades para o futuro da empresa, incluindo diferentes formatos de parcerias e arranjos societários. “Hoje não tem o olhar sobre privatização, mas tem o olhar sobre parcerias, inclusive societárias”, afirmou. Ele citou exemplos de sociedades de economia mista e de parcerias específicas em áreas como negócios financeiros e seguridade como modelos que podem ser considerados.
Além disso, o presidente informou que outra consultoria está sendo contratada para tratar da questão dos precatórios, um dos fatores que pressionam as finanças da estatal. De acordo com Rondon, os estudos deverão levar em conta a realidade dos Correios e o contexto atual da empresa.
O plano de reestruturação está dividido em três fases. As duas primeiras concentram-se na recuperação de caixa e na reorganização interna. Já a terceira etapa, segundo Rondon, terá foco no crescimento e na modernização. “A terceira fase é para preparar a companhia para um novo rito, dentro de um novo modelo de negócio, com modernização da sistemática, para garantir sustentabilidade no médio e longo prazo”, afirmou.
Déficit estrutural de R$ 4 bilhões anuais
O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, também afirmou que a empresa enfrenta déficit estrutural de mais de R$ 4 bilhões anuais por conta do cumprimento da universalização do serviço postal em locais remotos. De acordo com ele, 90% das despesas da estatal tem perfil fixo, e a folha de pagamento dos funcionários corresponde a 62% do total.
As declarações foram feitas em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira, 29, para detalhar o plano de reestruturação da estatal, que acumulado prejuízo superior a R$ 6 bilhões entre janeiro e setembro de 2025 e déficits recorrentes desde 2022, que já ultrapassam R$ 10 bilhões.
Rondon disse ainda que houve um ponto de inflexão no modelo tradicional de correios em 2016, quando as encomendas passaram a ter uma relevância maior como fonte de receita do que as cartas. “O modelo tradicional de correios sofreu essa inflexão que isso é uma coisa que aconteceu também no resto do mundo, não é só aqui no Brasil”, afirmou.
“Essa mudança do ambiente fez com que o modelo de financiamento da companhia ficasse inviável, então o monopólio de cartas em centros urbanos ou em locais que geravam rentabilidade passou a não ser suficiente para financiar as comunicações físicas que estão ligadas à universalização do serviço postal em locais remotos ou locais que são originalmente deficitários”, disse o presidente da estatal.
Fonte: Jovem Pan