Citado com frequência como uma das prioridades da atual gestão da CBF, o projeto de criação de um modelo de Fair Play financeiro no Brasil avançou. O plano é que ele seja apresentado em 26 de novembro, durante o Summit CBF Academy, em São Paulo.
Foram realizadas três reuniões que envolveram membros da confederação, consultores independentes e representantes dos clubes. Está previsto mais um encontro, em outubro, para definição de alguns pontos da proposta.
O modelo que está sendo concebido se baseia em diversos projetos já consolidados de ligas estrangeiras, com adaptações ao cenário nacional.
Sabe-se, por exemplo, que ele irá priorizar a análise após os fatos, distanciando-se do que faz a liga da Espanha, que tem uma proposta de caráter preventivo, com a apreciação do orçamento dos clubes, das previsões de receitas e despesas, antes de suas execuções.
A reunião de outubro contará mais uma vez com a presença dos clubes, que têm demonstrado pouca resistência ao projeto. Segundo relatos, alguns têm feito demandas relacionadas a questões tributárias ou trabalhistas, que dependem de legislação e não serão abarcadas nas regras do fair play brasileiro.
Depois desse encontro, os clubes terão mais 15 dias para apresentarem novas sugestões para a versão final do modelo, que será levado à CBF no fim do mês que vem ou começo de novembro.
Sobre as sanções, pessoas que atuam na construção do modelo brasileiro afirmam que elas devem se assemelhar às que já são aplicadas em outros países, como impedimento de registro de atletas (transfer ban), perda de pontos e multas, por exemplo.
A intenção é que o Fair Play Financeiro comece a ser implementado em janeiro, mas isso será feito de forma escalonada num período de adaptação. Espera-se que as regras estejam em pleno funcionamento em até cinco anos.
– Nós queremos criar um modelo de futebol autossustentável. Um futebol que você não tenha teto de receita, mas tenha teto de gastos. Você só vai gastar o que arrecada. Evitar um endividamento dos clubes, evitar que haja o “doping financeiro” de alguns clubes – disse o presidente da CBF, Samir Xaud, ao ge em agosto.
– É o que eu sempre falo: um clube que está devendo, mas contratando jogadores de milhões, acaba prejudicando um clube menor que paga suas contas em dia, tem seus salários em dia. O que a gente quer evitar é esse desequilíbrio – completou ele.