Pesquisadores identificaram a presença de 21 elementos químicos com potencial tóxico em brinquedos infantis disponíveis no mercado brasileiro. A análise foi realizada por meio de espectrometria de massa com plasma acoplado indutivamente (ICP-MS), técnica que permite detectar substâncias metálicas e não metálicas em concentrações muito baixas.
Para simular a exposição de crianças ao material tóxico, foi utilizada a técnica de digestão ácida assistida por micro-ondas, que reproduz o contato dos brinquedos com a saliva durante o uso.
Os elementos encontrados na investigação foram: prata (Ag), alumínio (Al), arsênio (As), bário (Ba), berílio (Be), cádmio (Cd), cério (Ce), cobalto (Co), cromo (Cr), cobre (Cu), mercúrio (Hg), lantânio (La), manganês (Mn), níquel (Ni), chumbo (Pb), rubídio (Rb), antimônio (Sb), selênio (Se), tálio (Tl), urânio (U) e zinco (Zn).
Com base nos testes de bioacessibilidade, os cientistas estabeleceram dois cenários de exposição: um baseado em valores medianos e outro com base nas concentrações máximas encontradas. Segundo os pesquisadores, o tempo de contato das crianças com os brinquedos ou a frequência com que são levados à boca pode influenciar diretamente os níveis de exposição.
As taxas de liberação dos contaminantes em contato com soluções que simulam o suco gástrico variaram de 0,11% a 7,33%, indicando que apenas uma pequena parcela das substâncias presentes nos brinquedos é liberada em condições simuladas de exposição oral. Ainda assim, os pesquisadores destacam que as altas concentrações totais observadas em algumas amostras exigem atenção.
O estudo também possibilitou a análise da cadeia produtiva dos brinquedos, revelando possíveis pontos de contaminação. Foram encontradas correlações entre elementos como níquel, cobalto e manganês, sugerindo uma origem comum durante o processo de fabricação. Amostras de brinquedos na cor bege apresentaram níveis mais elevados de metais, possivelmente associados ao fornecedor da tinta utilizada.
Além dos metais identificados, os pesquisadores já haviam detectado anteriormente compostos classificados como disruptores endócrinos, como bisfenóis, ftalatos e parabenos, que podem interferir no sistema hormonal humano.
O grupo responsável pela pesquisa reforça a necessidade de medidas regulatórias mais rigorosas para o controle da composição de brinquedos, visando a proteção da saúde infantil.
Fonte:jp