ouça ao vivo
Pausar
Sorry, no results.
Please try another keyword
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a elevar o tom contra o bilionário Elon Musk e chegou a sugerir, nesta terça-feira (1º), a possibilidade de deportá-lo, após o dono da Tesla e da SpaceX criticar publicamente o projeto de lei orçamentária proposto pelo governo. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Questionado por jornalistas se cogitava deportar Musk, Trump deixou margem para interpretações. “Não sei. Teremos que analisar”, disse o republicano, durante evento oficial.
A declaração acontece em meio a uma escalada de tensão entre Trump e Musk, que já foram aliados próximos. O bilionário, nascido na África do Sul e naturalizado americano, foi um dos principais financiadores da campanha de Trump à presidência em 2024. No início do atual mandato, Musk chegou a integrar o governo como coordenador do Doge (Departamento de Eficácia Governamental), mas rompeu com Trump em maio, após divergências sobre a política para veículos elétricos e energia limpa.
Musk voltou a disparar contra o texto do projeto de lei orçamentária. Em sua conta na rede X (antigo Twitter), o bilionário afirmou: “O mais recente projeto de lei do Senado destruirá milhões de empregos na América e causará imenso dano estratégico ao nosso país”. Ele também acusou os republicanos de abandonarem os investimentos na indústria de veículos elétricos e nas energias renováveis, setores fundamentais para o futuro econômico dos EUA, segundo ele.
Além das críticas, Musk defendeu a criação de um novo partido político, o “America Party” (Partido América, em tradução livre), caso o projeto seja aprovado. A proposta, segundo o empresário, serviria como alternativa tanto aos republicanos quanto aos democratas.
Trump, por sua vez, não economizou nas ameaças. Em seu perfil no Truth Social, o presidente sugeriu que o Doge poderia investigar os subsídios recebidos pelas empresas de Musk, como a Tesla, a SpaceX e a Starlink. “Talvez tenhamos que impor o Doge sobre Elon. Sabe o que é Doge? Doge é o monstro que pode voltar e devorar o Elon”, escreveu.
O presidente dos EUA foi além e sugeriu que, sem os bilhões de dólares em contratos e benefícios federais, Musk teria dificuldades para manter seus negócios no país. “Sem subsídios, Elon provavelmente teria que fechar as portas e voltar para a África do Sul”, afirmou Trump.
s empresas de Musk, especialmente Tesla e SpaceX, são altamente dependentes de contratos e subsídios governamentais. Um levantamento do Financial Times, publicado em fevereiro, revelou que as seis principais companhias do bilionário acumulam mais de US$ 20 bilhões em contratos com o governo dos EUA. Musk, por sua vez, alega que todos os contratos foram conquistados por mérito e que as empresas proporcionaram retorno aos cofres públicos.
Os benefícios à Tesla, incluindo créditos fiscais para compra de veículos elétricos, vêm sendo reduzidos no projeto de lei fiscal impulsionado por Trump. A iniciativa prevê cortes de impostos que, segundo analistas não partidários, podem acrescentar até US$ 3 trilhões à dívida pública americana.
O embate entre Trump e Musk já começa a refletir nos negócios do bilionário. As ações da Tesla caíram mais de 4% nesta terça-feira (1º), e investidores temem pelo futuro dos ambiciosos projetos da empresa, como o programa de robotáxis, que depende diretamente de regulamentações estaduais e federais.
Gene Munster, sócio-gerente da Deepwater Asset Management, uma das principais investidoras da Tesla, ressaltou a preocupação do mercado. “A essência da avaliação da Tesla neste momento se baseia no progresso em direção à autonomia. Não acho que vá acontecer nada nesse sentido, mas esse é o risco”, avaliou.
A tensão política também começa a afetar a imagem de Musk no exterior. Dados preliminares mostram que as vendas da Tesla nos principais mercados europeus foram mistas, reflexo do desgaste do bilionário por seu alinhamento com a extrema-direita nos EUA.
Em resposta às ameaças de Trump, Musk manteve o tom desafiador. “Estou literalmente dizendo CORTE TUDO. Agora”, escreveu no X. Apesar disso, indicou que, por ora, evitará escalar ainda mais o conflito. “Vou me abster por ora”, concluiu.
Os desdobramentos desse confronto público entre o presidente dos EUA e o homem mais rico do mundo seguem sendo acompanhados de perto por investidores, políticos e o mercado internacional, com possíveis impactos significativos tanto no cenário econômico quanto no ambiente político americano.
Fonte:Folhasp