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As primeiras abordagens foram realizadas nas primeiras horas da manhã em Boston e Chicago por unidades de elite da ICE, a temida polícia anti-imigração. A escolha dessas duas cidades não foi por acaso, pois elas são “cidades santuário”, ou seja, prefeituras democratas que se recusam a colaborar com a polícia federal na busca por migrantes. A ICE pretende caçar os ilegais até nos locais de trabalho, escolas e igrejas.
“Isso seria inadmissível e reprovável”, afirmou o prefeito de Chicago, Brandon Johnson, que se recusa a se intimidar. Afinal, Tom Homan, o homem nomeado por Donald Trump como o “czar das Fronteiras”, ameaçou processar o prefeito caso ele impedisse a execução dessas expulsões em massa.
De qualquer forma, essas primeiras operações não têm como alvo famílias, mas sim indivíduos condenados e procurados por crimes graves. Ao visar redutos democratas pró-imigração e ao prender imigrantes sem documentos condenados, a administração Trump, atua em duas frentes ao mesmo tempo, buscando demonstrar que essa política anti-imigração tem como principal objetivo garantir a segurança dos cidadãos americanos.
Cerca de 538 migrantes ilegais foram presos e centenas foram expulsos durante essa operação em massa, anunciou a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt. “A administração Trump prendeu 538 migrantes criminosos ilegais”, disse ela em uma mensagem publicada na noite de quinta-feira no X (antigo Twitter), acrescentando que “centenas” foram deportados em aviões militares.
Outro aspecto muito controverso dessa política do novo governo contra a imigração é a contestação do direito do solo ordenada por Donald Trump. Seu decreto, assinado no dia de sua posse, já foi temporariamente suspenso por um juiz federal de Seattle, que considera o ato “manifestamente anticonstitucional”.
O direito do solo, ou seja, a obtenção automática da nacionalidade americana ao nascer no território dos Estados Unidos, é garantido pela 14ª Emenda da Constituição. Esse princípio fundamental está em vigor há mais de 150 anos nos Estados Unidos.
Sua revogação promete uma longa batalha judicial. Vinte e dois estados americanos e dezenas de organizações já entraram com ações para contestar o decreto, mas o objetivo político já foi alcançado por Donald Trump, que cumpriu sua promessa perante sua base eleitoral, ao afirmar que acabaria com o que ele chama de “turismo de nascimento”.
Fonte: RFI