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A Polícia Federal prendeu cinco pessoas na operação Contragolpe. Os alvos são suspeitos de terem planejado um golpe de estado para impedir a posse do presidente Lula após as eleições de 2022.
Além dos cinco mandados de prisão, os agentes federais cumprem três mandados de busca e apreensão e 15 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, a proibição de se ausentar do país, com entrega de passaportes no prazo de 24 horas, e a suspensão do exercício de funções públicas.
O Exército Brasileiro acompanha o cumprimento dos mandados, que estão sendo efetivados no Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e Distrito Federal.
Todos os cinco presos exerciam cargos públicos.
Entre eles estão o tenente coronel Hélio Ferreira Lima, que comandava a 3ª Companhia de Forças Especiais em Manaus, destituído do cargo em fevereiro deste ano.
Também o general e ex-ministro interino da Secretaria-Geral Mário Fernandes, Secretário executivo da PR.
Atualmente, ele é reformado e assessor do deputado Eduardo Pazuello.
Ainda o major das Forças Especiais do Exército Rafael Martins de Oliveira.
Ele negociou com o coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o pagamento de R$ 100 mil para custear a ida de manifestantes a Brasília.
Completam a lista o major Rodrigo Bezerra de Azevedo e o policial federal Wladimir Matos Soares.
Todos os quatro militares foram presos no Rio de Janeiro e o agente da PF em Brasília.
Dois deles estavam trabalhando na segurança de autoridades no G20.
No despacho do ministro Alexandre de Moraes autorizando a operação, há a justificativa de trocas de mensagens entre o coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e diversos outros militares envolvidos nessas apurações do golpe.
Uma das mensagens, inclusive, de Cid é para o então comandante do Exército General Freire Gomes, em que ele pede para que Freire Gomes vá até o Alvorada conversar com Jair Bolsonaro, que depois de perder as eleições de 2022 ficou recluso.
Segundo Cid, o ex-presidente estava sofrendo uma pressão maior por parte de parlamentares para dar um golpe.
Cid diz que Bolsonaro, inclusive, enxugou um decreto, mas que gostaria de conversar ainda com Freire Gomes.
Há informações também de troca de mensagens entre Mauro Cid e Marcelo Câmara, que era seu auxiliar na ajudança de ordens da Presidência da República, em que Câmara passa informações do monitoramento de rotas e da portaria em que Lula e Geraldo Alckmin entrariam no TSE para ser diplomados em dezembro de 2022.
Todos eles, menos o policial, estão entre os chamados kids pretos, militares da elite, das chamadas forças especiais do Exército, que planejaram a prisão e execução de um ministro do Supremo Tribunal Federal, que vinha sendo monitorado continuamente, caso o Golpe de Estado fosse consumado.
Segundo a PF, a organização criminosa se utilizou de elevado nível de conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas nos meses de novembro e dezembro de 2022.
Os investigados são, em sua maioria, militares com formação em Forças Especiais (FE).
A origem do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, coronel Mauro Cid, é das forças especiais.
Entre essas ações, foi identificada a existência de um detalhado planejamento operacional, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022, voltado ao homicídio dos candidatos eleitos, Lula e Geraldo Alckmin.
O planejamento elaborado pelos investigados detalhava os recursos humanos e bélicos necessários para o desencadeamento das ações, com uso de técnicas operacionais militares avançadas, além de posterior instituição de um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise”, a ser integrado pelos próprios investigados para o gerenciamento de conflitos institucionais originados em decorrência das ações.
Os fatos investigados nesta fase da investigação configuram, em tese, os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Golpe de Estado e organização criminosa.
General da Reserva Mário Fernandes participou da reunião em que o ex-presidente Jair Bolsonaro reuniu ministros no Palácio do Planalto para debater ações golpistas em casos de derrota nas urnas, como apontavam as pesquisas na época.
Mário Fernandes aparece nessa reunião ao lado do general Augusto Heleno, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional.
Na sua fala, Mário Fernandes critica o TSE, que na época rebatia afirmações de que a urna eletrônica não tinha segurança, rebatendo ofícios do Ministério da Defesa.
Mário Fernandes defende, então, que é necessário adotar uma medida mais dura antes do pleito, que estava marcado para outubro.
Essa reunião do golpe aconteceu em julho de 2022. O militar, que na época era ex-ministro interino da Secretaria-Geral da Presidência, disse que era necessário dar um prazo para uma resposta do Tribunal Superior Eleitoral e, depois, seria necessário, de fato, agir de uma forma mais enérgica.
‘Então, eu acho que, realmente, a gente tem um prazo para que isso aconteça e não para que eles raciocinem, que é importante avaliar essa possibilidade, mas, principalmente, para que uma alternativa seja tomada como sobrevista. Antes que aconteça, pelo momento que acontecer, o que vai… É minha quarta reunião. É uma junta de governo? é um governo militar? É um atraso de tudo que se avançou no país e isso vai acontecer. O país vai ser todo desarticulado’, declarou Mário Fernandes na época.