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O médico Ricardo Stoppe Júnior é apontado pela Polícia Federal (PF) como o responsável por fraudar documentos e ocupar ilegalmente terras da União na Floresta Amazônica. A dimensão do território invadido é semelhante ao do Distrito Federal: 538 mil hectares.
O caso foi mostrado neste domingo (18/8) pelo Fantástico. O médico é de Araçatuba, no interior paulista. Segundo a PF, ele vinha atuando na fraude de documentos antigos para grilar terras públicas desde 2004.
Com isso, a investigação calcula que ele teria lucrado R$ 180 milhões com projetos de crédito de carbono e mais R$ 600 milhões com extração ilegal de madeira. Não por acaso, ele ficou conhecido como o “rei do crédito de carbono”.
Para fraudar os documentos, Stoppe Júnior teria feito pagamentos de propina para funcionários de cartórios da região e até para servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Como o esquema funcionava?
Segundo a PF, o médico e seus sócios pagavam para mudar livros de registros antigos de imóveis – alguns, com quase 100 anos. Eles, basicamente, montavam processos ilegais de apropriação de terras públicas, inserindo folhas falsas.
A investigação analisou dois desses livros e identificou indícios de fraude. A propina paga aos funcionários de cartórios – com valor entre R$ 500 mil e R$ 700 mil – era para que eles atestassem a veracidade dos documentos falsos.
Com isso, Stoppe Júnior e os sócios ocuparam áreas públicas, fazendo verdadeira fortuna. Ele, inclusive, ficou famoso e chegou a participar da Conferência do Clima da ONU (COP 28) em Dubai, no fim de 2023, onde falou como “o rei do crédito de carbono”.
De acordo com o delegado da Polícia Federal Thiago Scarpelline, foram analisados 22 documentos, entre informações, relatórios e laudos periciais, que comprovaram que as supostas propriedades do médico estavam, na verdade, “dentro e em cima de área pública da união”.
Prisão e acusação contra o médico
Ricardo Stoppe Júnior foi preso em junho deste ano, mas a investigação contra ele e os sócios continuam em andamento. A PF identificou, pelo menos, 50 integrantes da organização criminosa. O médico é apontado como um dos líderes.
Ele e os sócios vão ser indiciados por desmatamento, corrupção de servidores públicos, lavagem de dinheiro e organização criminosa. No decorrer das investigações, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) informou à PF que os líderes do grupo tiveram movimentação suspeita de quase R$ 1,2 bilhão.
Ao Fantástico, a defesa disse que o médico é inocente e que perícias técnicas e contábeis vão esclarecer todas as acusações. Os advogados disseram, ainda, que a prisão do médico é desnecessária, pois ele é réu primário e sem antecedentes criminais.
Fonte: Metrópoles