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Para a maioria dos palestinos que vivem na Faixa de Gaza, já existe uma história dolorosa de deslocamento forçado que está no cerne de sua resposta ao plano do presidente dos EUA, Donald Trump, de assumir o controle do território devastado pela guerra.
Moradores de um acampamento de refugiados na cidade central de Deir al-Balah expressaram choque e revolta com a ideia de serem permanentemente reassentados em outro local.
“Mesmo que isso nos custe nossas almas, não deixaremos Gaza”, disse à BBC News Mahmoud Bahjat, que é do norte do território.
“Somos contra a decisão de Trump. Ele acabou com a guerra, mas nos deslocar acabaria com nossas vidas.”
Por outro lado, muitos israelenses têm expressado satisfação com as ideias radicais da Casa Branca, particularmente os da direita.
Desde que começou o cessar fogo em Gaza — pouco antes da posse de Trump em janeiro — o mundo observa cenas dramáticas de palestinos retornando para o que restou de suas casas.
Famílias palestinas empilharam pertences em carros e carroças puxadas por burros ou caminharam longas distâncias ao longo da estrada costeira, muitas vezes para chegar em seu endereço e encontrar apenas destroços.
Os bombardeios começaram após o ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, que deixaram mais de mil mortos, segundo as autoridades israelenses.
De acordo com a ONU, pelo menos 1,9 milhões de pessoas foram deslocadas durante 15 meses de guerra. Isso é cerca de 90% da população de Gaza.
As cenas de palestinos em movimento ecoaram vídeos em preto e branco de 1948 que registraram as evacuações em massa que ocorreram durante os combates antes e depois da criação do estado de Israel.
Mais de 700 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas naquele ano. A maioria dos moradores de Gaza hoje são descendentes dos refugiados de 1948.
De pé entre fileiras de lonas plásticas no campo de Deir al-Balah, Jamalat Wadi diz que sua família já se sacrificou o suficiente e que eles estão determinados a construir uma nova casa.
“Nós aguentamos um ano e meio de guerra. Quando [os militares israelenses] finalmente se retirarem daqui, queremos remover os escombros e viver nesta terra”, diz ela.
“Depois de fazer Israel destruir nossas casas em Gaza, os EUA agora estão nos dizendo que Gaza está destruída e que temos que ir embora?”, continua.
“Não sairemos de Gaza. Não vamos desistir!”
Uma mulher palestina disse à BBC Árabe que rejeita completamente qualquer sugestão de que os palestinos sejam removidos da faixa de Gaza.
“Nós vamos viver e morrer em nossa terra natal”, diz ela. “Nós aguentamos um ano e meio de guerra, morte e destruição. Depois de tudo que passamos, como poderíamos concordar com isso?”, questiona.
Fonte:msn