Fios de cabelo de crianças são usados para fraudar exames toxicológicos e enganar o Detran

Jornal da Notícia

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A polícia descobriu um esquema que fraudava exames toxicológicos obrigatórios para quem precisa tirar a habilitação que dá direito a dirigir veículos pesados, como caminhões. Até fios de cabelo de uma criança foram usados para produzir resultados favoráveis a motoristas usuários de drogas.

Tentativa de Fraude no Exame Toxicológico da CNH

A operação Toxicoloko, realizada simultaneamente em três estados, prendeu oito suspeitos e recolheu provas de uma grave ameaça à segurança nas estradas do país. Um esquema fraudulento e extremamente perigoso de emissão de carteira de habilitação para motoristas profissionais.

Os investigados usavam cabelo de criança para enganar o Detran com exames toxicológicos fraudados.

Para entender como a investigação chegou a esse ponto, é necessário voltar a maio de 2022. Os investigadores estavam combatendo um crime, descobriram outro. Um homem envolvido em furto de cargas no Paraná contou que, para poder dirigir caminhão, tinha burlado a lei para obter a CNH, a Carteira Nacional de Habilitação.

O exame toxicológico é obrigatório em três categorias da CNH que autorizam a condução de veículos de cargas e de passageiros. Para fazer o exame, o candidato precisa fornecer uma amostra de pelo cabelo ou unha. O material é analisado num laboratório credenciado e o motorista tem que fazer aulas em um Centro de Formação de Condutores, ou CFC, como são chamadas as autoescolas.

Moldes de silicone das digitais dos alunos

O registro do comparecimento a cada aula é feito numa leitora de impressão digital. Segundo a investigação, uma das autoescolas envolvidas no caso, o CFC Elitte, no interior de São Paulo, fazia moldes de silicone das digitais dos alunos. Assim, o molde marcava a presença dos alunos que não compareciam às aulas.

Um dos donos da Elitte, Francisco Gonçalves Júnior, foi preso na operação Toxicoloko. Ele também vai responder por porte ilegal de arma. A defesa de Francisco diz que as acusações são inverídicas e fantasiosas e que confia na Justiça.

O golpe da digital de silicone é antigo e a fraude descoberta na operação, mais ainda. Um negócio de pai para filho. O pai, em questão, era conhecido como “Ari do Detran”, apesar de nunca ter trabalhado no órgão. Ele morreu durante a pandemia, mas o filho, Lucas Gustavo Ferreira, seguiu fazendo a prática criminosa. Lucas foi preso durante a operação, e segundo as investigações, era ele o articulador do esquema.

A fraude reunia dois pontos de coleta no Paraná, uma autoescola em São Paulo e outra em Santa Catarina. A polícia identificou mais de 40 motoristas que usaram o esquema.

Os laboratórios credenciados pela Secretaria Nacional de Trânsito podem contratar postos de coleta, que recolhem cabelos, pelos ou unhas e enviam para exame.

Em uma mensagem, a sócia de um posto do esquema diz a Lucas que mandou uma mecha de uma criança para um laboratório. Em outra mensagem, Lionice Aparecida Machado fala que não entende por que a amostra de cabelo deu positivo.

Em notas, o Detran do Paraná, o Detran de São Paulo e o Detran de Santa Catarina afirmam que, se comprovadas as fraudes, as CNHs vão ser canceladas. As autoescolas em Santa Catarina e em São Paulo vão sofrer processo administrativo. Lucas Gustavo Ferreira e Lionice Aparecida Machado ainda não têm advogados e a defesa de José Arildo de Castro, que deu o depoimento que deslanchou a investigação, não se manifestou.

Fonte: G1

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