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O candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) participou de uma entrevista com Pablo Marçal (PRTB) nesta sexta-feira (25), às vésperas do segundo turno.
Durante a entrevista, Boulos disse que não tinha ressentimento em relação a Marçal, criticou Ricardo Nunes por não ter participado da sabatina, falou sobre empreendedorismo e ainda assumiu as promessas de Marçal sobre escolas olímpicas e educação financeira no currículo escolar.
Já Marçal ressaltou várias vezes que não teria baixaria.
O encontro foi proposto por Marçal e chamado de “Entrevista de Emprego”, com transmissão ao vivo pelo Youtube.
Segundo Marçal, o objetivo foi “proporcionar um espaço de diálogo e esclarecimento das propostas, permitindo que o público conheça mais sobre as visões e planos”.
Ricardo Nunes (MDB) foi convidado para a sabatina, mas não participou.
Como mostrou o blog da Andréia Sadi, no g1, para a campanha de Nunes, trazer Marçal de volta ao cenário da disputa eleitoral era um erro e um “papelão” de Boulos.
Marçal ficou em terceiro lugar no 1º turno com 1.719.274 de votos (28,14%), atrás de Nunes, que teve 1.801.139 de votos (29,48%), e de Boulos, com 1.776.127 votos (29,07%).
O Datafolha divulgado na quinta-feira (24) mostra Nunes com 49% das intenções de voto ante 35% de Boulos.
Durante o início da entrevista, Boulos disse que aceitou o convite de Marçal porque “não foge de embate” e que “não tem ressentimento”. Marçal ressaltou que faria a entrevista com respeito.
“Eu não fujo, nem nunca fugi de nenhum embate. Aliás, passei os últimos dias conversando olho no olho com as pessoas em praça pública, por toda a cidade de São Paulo. Inclusive, teve apoiadores meus que aconselharam “não vá, é cilada”, como eu vi que teve apoiadores seus que também te criticaram. Por isso, o que a gente tem que ter em mente é que, se eu fosse levar pelo pessoal, seria a última pessoa a topar esse convite, até pelos ataques que sofria da tua candidatura no primeiro turno”, afirmou Boulos.
“Mas eu não me movo por mágoa, por ressentimento. Eu me movo na política por um propósito que é fazer a vida das pessoas melhor, é lutar por mudança, e é por isso que eu estou aqui hoje. Goste ou não, você teve mais de 1 milhão e 700 mil votos de paulistanos, eu sei que muita gente, aliás, a maioria das pessoas que votaram em você, votaram pela mudança, assim como eu, querem a mudança na cidade de São Paulo. Eu tenho a convicção que eu vou ganhar essa eleição. Eu vou ter que governar para todos, inclusive para mais de um milhão e 700 mil pessoas que votaram em você, é por isso que eu estou aqui”.
Durante a sabatina, Boulos não comentou sobre o laudo médico falso que Marçal publicou no dia 4 de outubro, na véspera do 1º turno, que constava que o candidato do PSOL teria testado positivo para cocaína.
Perícias apontaram que o documento era realmente falsificado.
Outro tema abordado foi sobre empreendedorismo. Boulos afirmou que concorda que as pessoas que sigam pelo caminho de empreender e consigam prosperar do seu jeito precisam ser valorizadas pelo Estado e pela prefeitura.
“A prefeitura não pode aparecer para quem empreende só para cobrar boleto, como acontece hoje. Eu tenho conversado com muitos pequenos comerciantes, tenho conversado com muitos jovens empreendedores da periferia e, hoje, a prefeitura aparece mais para dificultar a vida dele do que para dar um empurrãozinho”.
“Eu, como prefeito de São Paulo, já assumi vários compromissos, Marçal, um deles será criar a agência Municipal de crédito com juros subsidiado para poder ajudar esse empreendedor até o empurrãozinho, a poder seguir o seu trabalho. Outro deles, é criar o acredita mulher para poder ajudar a mulher, a manicure, a esteticista, salgadeira, a poder tocar o seu trabalho. A prefeitura não vai aparecer só para cobrar boleto, como é hoje, na gestão do Ricardo Nunes, vai aparecer para ajudar”.
Guilherme Boulos também afirmou que assumiu as promessas de Pablo Marçal sobre escola olímpica e educação financeira no currículo escolar da rede municipal.
“Sabe por que, cara? Porque eu não tenho nenhum problema em reconhecer uma ideia boa do meu adversário, se ele for adversário político, isso é ter cabeça pequena. Por exemplo, o Ricardo Nunes, inclusive, acertou numa ideia, foi uma das poucas coisas boas que ele fez no governo, foi o da faixa azul de motocicleta, e me perguntaram no debate, uma jornalista perguntou, o que que eu faria, eu falei “eu vou manter e vou ampliar”, porque eu não tenho nenhum problema em reconhecer a ideia boa e não vou ficar com birrinha porque é a ideia do adversário”, ressaltou.
“Agora, quando falam em dialogar com esse eleitor em posições que você tinha nós temos que lembrar uma coisa Marçal, quem votou em você no primeiro turno, votou porque não estava satisfeito com a cidade como está, votou para mudar e eu entendo a indignação do eleitor que votou em você, do cara que falou ‘pô, esse sistema podre que vem desde o Dória, vamos mudar o centrão’. O que eu estou enfrentando, nesse segundo turno, é essa mesma turma o centrão que se juntou para tentar impedir a mudança em São Paulo, que está representada aqui pelo 50 no domingo que vem”.
“Vai ter educação financeira, vai ter educação ambiental. O que eu quis dizer para você é que, para mim, a questão não é apenas a educação financeira, é a gente conseguir garantir um currículo mais próximo da vida real das pessoas, o que inclui a educação financeira”.
Pablo Marçal questionou Boulos sobre a opinião dele sobre políticos brasileiros.
Veja as perguntas e respostas:
– Pablo Marçal: Bolsonaro?
– Guilherme Boulos: Bolsonaro foi um péssimo presidente para o Brasil, um cara que zombou das pessoas na pandemia, isso é imperdoável.
– Pablo Marçal: Fernando Henrique Cardoso?
– Guilherme Boulos: Foi um cara que eu moleque, no movimento estudantil, fiz oposição a ele, porque não representa as ideias que eu acredito, mas foi um cara que nos embates depois, pelo menos, ficou ao lado da democracia no Brasil.
– Pablo Marçal: Fernando Collor?
– Guilherme Boulos: Ladrão de marca maior.
– Pablo Marçal: Dilma Rouseff?
– Guilherme Boulos: Uma mulher corajosa, que enfrentou desde tortura na ditadura militar a, depois, todos os ataques que sofreu no governo.
– Pablo Marçal: Jesus Cristo?
– Guilherme Boulos: Acho que uma inspiração para todos nós que somos cristãos.
– Pablo Marçal: Tarcísio?
– Guilherme Boulos: Um governador ruim para São Paulo. O Tarcísio se elegeu em cima do Bolsonaro, foram foi os votos do Bolsonaro. Quem que era o Tarcísio sem o Bolsonaro? Ele se elegeu em cima dos votos do Bolsonaro. E que que ele fez? Pensa bem, às vezes a gente faz, sua campanha deve ter feito também, pesquisa qualitativa, que era aquela pesquisa que se junta eleitores e tal, aí o pessoal falava, algumas pessoas falavam “eu gosto Tarcísio”, aí quando o entrevistador da pesquisa perguntava porque, ficava aquele som do grilo, era só propaganda. O Tarcísio está há dois anos no governo, o que ele fez foi vender a Sabesp, num negócio perigoso que pode virar a Enel da água agora, o que ele fez foi um negócio contra livro didático em escola. O cara, em dois anos, não conseguiu deixar um legado de melhoria para o povo, por isso que eu acho que não é um bom Governador para São Paulo.
– Pablo Marçal: Kassab?
– Guilherme Boulos: O Kassab é uma expressão do centrão, é um cara que teve em todos os governos, ele representa essa política. Tanto é que, hoje, ele tá no governo do Tarcísio e tá no governo do Lula, independente da posição do lado ideológico, ele é um cara que se acomoda ali em todos os governos.