NOTÍCIA FM Ligou, virou Notícia!
A imagem é inusitada: garrafas de azeite nas prateleiras dos supermercados com sistema antifurto que ‘trancam’ o produto. Para poder levá-las pra casa, os clientes precisam acionar o gerente que retira o lacre na ‘boca’ do caixa. A situação é real e já registrada em grandes redes do varejo de São Paulo e do Rio de Janeiro.
O motivo? O preço do produto que acumula alta de quase 50% de inflação no último ano. Azeite virou ouro. E a má notícia é que o cenário não deve mudar no curto prazo, segundo especialistas do setor, que estimam que os preços permanecerão altos por, pelo menos, mais dois anos.
IBGE diz que azeite é o 4º produto no ranking de variação de preços
A alta do preço do azeite de oliva no último ano chegou a 49,42%, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para maio. A variação só fica atrás da registrada pela cebola (86,13%), tangerina (58,02%) e batata-inglesa (57,94%).
De acordo com pesquisa feita pelo Procon (SP), em dezembro de 2022, o preço dos azeites girava em torno de R$ 27. No ano seguinte, no mesmo período, o valor já estava na faixa de R$ 42.
Um dos fatores que têm contribuído para esse cenário é a terceira estiagem consecutiva na Espanha, maior produtor mundial de óleo de oliva. Os supermercados de lá também estão trancando, com correia, chave e cadeado, as garrafas do produto.
Brasileiros consomem 600 mil litros/mês
Outro problema é a baixíssima produção interna. Os brasileiros consomem cerca de 100 milhões de litros de azeite por ano e a produção nacional corresponde a 0,6% dessa demanda, em torno de 600 mil litros, segundo o Ibraoliva (Instituto Brasileiro de Olivicultura). Isso, claro, torna o mercado doméstico dependente de importações e suscetível a instabilidades externas.
Para o presidente do Instituto, Renato Fernandes, a curto prazo, o cenário externo deve permanecer inalterado. “Não acredito em redução do preço do azeite nos próximos dois anos. Os estoques estão baixíssimos”. De acordo com ele, a região sul do Brasil tem um clima favorável para a produção de azeite, mas há uma “questão cultural” por trás da dependência estrangeira. “Temos a tradição de importar azeite europeu desde o Brasil colônia”. A tendência, no entanto, tem mudado nas duas últimas décadas. E a expectativa é que a produção aumente significativamente nos próximos anos.
Mapa alerta para o risco dos produtos falsificados
Enquanto isso, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) alerta para a falsificação dos produtos. É que, volta e meia, o órgão notifica empresas que utilizam óleos não comestíveis, como o lampante (usado como combustível para lamparinas), para adulterar o azeite de oliva, colocando em risco a saúde da população.
Para saber se o produto é falsificado, o consumidor pode sentir o cheiro e prová-lo. O azeite é produzido a partir de azeitonas frescas, logo tem cheiro semelhante ao fruto. O lampante, por outro lado, é caracterizado por alta acidez, sabores estranhos e impurezas.
Fonte: Itatiaia