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O avião que caiu em Vinhedo nesta sexta-feira passou por duas paradas para a manutenção desde março deste ano. De acordo com o Fantástico, foram relatados problemas no sistema hidráulico, contato anormal com a pista e falhas no funcionamento do ar-condicionado. O acidente aéreo causou a morte de 62 pessoas e passou a ser considerado um dos mais letais registrados em solo brasileiro.
Após uma viagem de Recife para Salvador em 11 de março, foram relatados o “baixo nível de óleo hidráulico” e a ocorrência de “contato anormal” da aeronave com a pista durante o pouso. O choque entre a calda do avião e o chão, descrito em um documento oficial, teria causado um “dano estrutural” no turboélice de modelo ATR-72-500, o mesmo que caiu em Vinhedo.
Depois dos danos registrados, a aeronave ficou estacionada em Salvador por 17 dias, até 28 de março, quando foi encaminhada para o conserto na oficina da Voepass em Ribeirão Preto (SP). Depois de três meses, o avião voltou a voar comercialmente, mas sofreu uma despressurização durante um voo sem passageiros de Ribeirão Preto para Guarulhos. A aeronave precisou retornar à oficina da Voepass, onde ficou parada para novos reparos, até voltar a voar no dia 13 de julho.
Um dia antes da queda do avião da VoePass em Vinhedo, a jornalista Daniela Arbex também publicou nas redes sociais vídeos mostrando passageiros da companhia passando mal com o calor em um voo. As imagens, republicadas por ela após o acidente, mostram pessoas se abanando para contornar as altas temperaturas dentro da aeronave.
“Ainda não sabemos o que motivou a queda de um modelo idêntico ao que voei ontem. Mas como uma aeronave opera nessas condições? Em outro evento que participei, no Paraná, pedi ao contratante para comprar outro voo, porque não queria ir nessa aeronave. O contratante atendeu ao meu pedido”. complementou ela.
Para o engenheiro aeronáutico Celso Faria de Souza, perito criminal em acidentes aeronáuticos e diretor da Associação Brasileira de Segurança de Voo (Abravoo), com base em imagens da queda, a formação severa de gelo nas asas deve ser levada em consideração como a principal hipótese para explicar o acidente.
— Havia previsão de formação de gelo na área do acidente. O gelo pode ter se formado na asa da aeronave e o sistema de degelo, por alguma razão, não funcionou. Com isso, o avião perde sustentação e cai da forma que vemos no vídeo — diz ele ao citar o boletim meteorológico emitido naquele dia.
Segundo informações levantadas pelo Fantástico, o mesmo modelo já teria sofrido uma queda brusca ocasionada pelo acúmulo de gelo nas asas. Em um voo de Indianápolis para Chicago há 30 anos, o sistema que infla na parte da frente das asas não conseguiu expulsar todas partes congeladas, ocasionando a queda da aeronave.
Ao Fantástico, um ex-comissário da empresa afirmou que a empresa “colocava a segurança em segundo ou terceiro plano” por “visar mais o lucro”. Ele também disse que o avião era apelido de “Maria da Fé” porque muitos questionavam “como um avião daquele estava voando”. Outro funcionário ouvido pela reportagem relatou uma situação e que um palito de fósforo ou palito de dente foi usado para resolver um problema no nível de aquecimento de um dos sistemas.