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Paul Mackenzie, líder de uma seita apocalíptica no Quênia, e 29 outras pessoas que eram associadas a ele, foram levados a tribunal nesta terça-feira (6/2) acusados do assassinato de 191 crianças cujos corpos foram encontrados entre mais de 400 enterrados numa floresta do país africano.
Todos negaram as acusações apresentadas num tribunal de Malindi. Um suspeito foi considerado mentalmente incapaz de ser julgado.
Os promotores dizem que Mackenzie ordenou que seus seguidores passassem fome e a seus filhos até a morte, para que pudessem “ir para o céu ver Jesus” antes que o mundo acabasse, em um dos piores desastres relacionados a cultos do mundo na história recente e que reviveu os horrores da tragédia envolvendo o pastor Jim Jones, que ceifou a vida de 909 fiéis (sendo 304 crianças) da sua seita, erguida em floresta na Guiana.
O advogado de Mackenzie disse que ele está cooperando com a investigação das mortes. Os 30 réus devem retornar ao tribunal em 7 de março para uma audiência de fiança, disse o juiz.
Os seguidores de Igreja Good News International viviam em assentamentos isolados numa área de 325 hectares dentro da floresta de Shakahola.
Ex-motorista de táxi, Mackenzie proibiu os membros da seita de mandarem seus filhos para a escola e de irem ao hospital quando estavam doentes, classificando essas instituições como satânicas, disseram alguns de seus seguidores. O líder do culto foi preso pela primeira vez em 2017 – e novamente em 2018 – depois de alegar que a educação “não era reconhecida na Bíblia”.
O pregador apocalíptico difundia um programa intitulado “Mensagem dos últimos tempos” que evocava “ensinamentos, pregações e profecias sobre o final dos tempos, comumente chamados escatologia”. Ele dizia “levar o evangelho do nosso senhor Jesus Cristo livre do engano e do intelecto do homem”.
Também lançou um canal no YouTube em 2017, no qual se podem encontrar vídeos de seus sermões em sua igreja em Malindi, onde alertava enfaticamente seus fiéis sobre práticas “demoníacas” como usar perucas e fazer transações digitais sem dinheiro vivo.
Em abril do ano passado, Mackenzie foi preso pela primeira vez por “radicalização”, por ter promovido a não escolarização das crianças, afirmando que a educação não era reconhecida pela Bíblia.
“Tive a revelação de que tinha chegado a hora de parar. Só rezo comigo mesmo e com aqueles que escolheram acreditar”, declarou ele ao jornal “The Nation”.