NOTÍCIA FM Ligou, virou Notícia!
A eliminação nas quartas deixou o Brasil na oitava colocação das Olimpíadas de Paris, a pior da seleção masculina de vôlei desde os Jogos de Munique, em 1972.
Há 24 anos, a equipe não caía antes das semifinais. Depois da derrota para os Estados Unidos, na segunda-feira (5), o técnico Bernardinho se colocou como principal culpado pela campanha ruim nos Jogos da capital francesa.
– Responsabilidade toda minha de não ter dado aos rapazes a condição de aproveitar oportunidades. Eu talvez não conhecesse totalmente o grupo, não soubesse como extrair o melhor. Fico muito triste pelos veteranos, porque sei o quanto eles se doaram para estar aqui. Bruninho se machucou, voltou, deu um gás. Lucão também tentando da melhor maneira possível. Então, vi o quanto eles se dedicaram para dar experiência e confiança ao time. Triste pelos rapazes (mais novos), pela frustração de não ter conseguido um pouco mais, mas eles têm muita coisa pela frente. Então que chorem mesmo, que essas lágrimas sejam de motivação para o próximo ciclo que começa amanhã – comentou o treinador de 64 anos.
Quando Bernardinho diz que podia não conhecer totalmente o grupo, se refere ao pouco tempo de trabalho que teve antes das Olimpíadas de Paris.
Assumiu a equipe no fim do ano passado, após a saída de Renan Dal Zotto, mas só se reuniu com o elenco na Liga das Nações de 2024, há cerca de três meses.
Após o mau resultado na capital francesa, Bernardinho ainda não sabe se continuará à frente da equipe masculina.
Também ocupa o cargo de coordenador de seleções da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) e disse que precisa refletir antes de tomar uma decisão sobre o futuro.
Mesmo que não esteja mais no cargo de treinador, Bernardinho sabe que o trabalho será árduo no próximo ciclo olímpico.
Crê que o vôlei brasileiro voltará a ter sucesso, mas precisará se esforçar e pegar inspirações no exterior.
– O voleibol mudou muito tecnicamente. Não é força só. O jogo até é um pouco mais sujo. Você agarra bolas, toca para atacar. Aí tem que trabalhar muito o sistema defensivo. O sistema de treinamento também mudou. É muito mais jogado o jogo, e a gente tem que fazer isso. A cultura do vôlei brasileiro tem que melhorar. Ter a humildade de aprender com os outros lá fora. O Brasil esteve na frente, e aprenderam conosco. Hoje, há um jogo muito mais de jogar, de fazer e tal, do que apenas de potência – analisou.
A necessidade de aprender com outras escolas foi mostrada, inclusive, por resultados recentes. Itália, Polônia e Estados Unidos, algozes dos brasileiros nas Olimpíadas, já tinham derrotado a equipe verde e amarela na Liga das Nações deste ano.
E as três seleções estão classificadas para as semifinais dos Jogos de Paris.