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Hoje os pilotos mais experientes do grid da F1, Fernando Alonso e Lewis Hamilton protagonizaram uma histórica rivalidade quando corriam juntos na McLaren em 2007. Quase 20 anos depois, o espanhol revisitou o período e atribuiu os excessos no conflito à imaturidade e falta de contribuição de ambos. Porém, também culpou seu chefe de equipe da época, Ron Dennis.
– Tivemos um chefe que não soube controlar a situação. Isso não teria acontecido com Flavio Briatore, ou com Lawrence Stroll. Há alguns personagens na F1 que impõem respeito, e outros que os pilotos conseguem controlar. Na McLaren de 2007, nós pilotos tínhamos controle demais. Algumas coisas vão ficar guardadas às sete chaves. Apaguei muitas coisas da cabeça, mas foi um ano difícil. Eu e Hamilton fomos os principais culpados, por nossa imaturidade e falta de trabalho em equipe – declarou o piloto da Aston Martin em um documentário lançado nesta semana.
Fernando Alonso deixou a Renault ao fim de 2006 depois de conquistar seus dois bicampeões mundiais e juntou-se à McLaren, que promoveu o campeão da GP2 Series (atual Fórmula 2) Lewis Hamilton.
Mas o que começou como uma rivalidade natural entre colegas de equipe ganhou força, chegando a episódios como uma tentativa do bicampeão de agradar funcionários da McLaren com dinheiro; a punição de Alonso por atrapalhar Hamilton intencionalmente na classificação do GP da Hungria e uma manobra do britânico que desagradou o colega no GP dos Estados Unidos.
Hamilton, que começou a temporada com cinco pódios consecutivos até vencer pela primeira vez no Canadá, terminou o ano na frente do companheiro. Porém, os dois pilotos da McLaren viram Kimi Raikkonen, da Ferrari, passar na frente com um ponto a mais na classificação.
O ex-mecânico Marc Priestley, que trabalhou na McLaren de 2000 a 2009, revelou em um livro que o gestor britânico teria demonstrado certo favoritismo a Hamilton na equipe.
– Tinha muita tensão. Estávamos disputando o campeonato mundial, e cada corrida no domingo. Chegando na reunião da equipe eu via a telemetria dele, as câmeras de bordo do carro que, por exemplo, não ia muito longe de frente mas na reunião ele reclamava da traseira, e coisas do tipo, de modo que a equipe não tomava uma direção ou seguia uma filosofia para desenvolver um carro adaptável a nós dois. Cada um estava procurando obter uma vantagem para si – recorda Alonso.
Alonso voltou para a Renault em 2008 e lá, foi um dos protagonistas do “Singapuragate” – batida intencional de Nelson Piquet que favoreceu o triunfo do espanhol na corrida em Marina Bay. Já Hamilton superou o brasileiro Felipe Massa e foi campeão mundial, embora o ex-ferrarista conteste o resultado final.
Alonso foi vice-campeão com a Ferrari em 2010, 2012 e 2013; retornou à McLaren (2015 a 2018), ausentou-se da F1 para ser bicampeão das 24h de Le Mans, e voltou em 2021 com a Alpine antes de migrar para a Aston Martin. Hamilton, por sua vez, trocou a McLaren em 2014 pela Mercedes. Lá, foi hexacampeão mundial (2014, 2015, 2017, 2018, 2019 e 2020) e chegou a sete títulos ao todo.
Em momentos diferentes e com mais experiência, a dupla já protagonizou novos duelos marcantes: no GP da Bélgica de 2022, Alonso chegou a xingá-lo por uma batida; em disputa pela vice-liderança no Canadá, em 2023, o confronto ganhou um tom mais leve. Ainda assim, o espanhol duvida que possa manter uma relação com o heptacampeão fora das pistas:
– Agora temos outro tipo de rivalidade. Mas não acho que seremos amigos no futuro e nunca seremos. Não compartilhamos muitas coisas. Mas é verdade que, em 2007, a rivalidade escalonou para outro grau. Estávamos na mesma equipe, dividindo a mesma garagem, viajamos juntos várias vezes e nas reuniões, e começamos a notar que surgia essa fricção.
– Tivemos mais disputas ao longo do tempo. Em 2013, no Canadá, estávamos brincando de gato e rato; em Abu Dhabi em 2023, também. No Bahrein (em 2023) foi o momento mais feliz do meu ano, porque eu tinha acabado de chegar na Aston Martin e, na briga pelo pódio, consegui ultrapassar Hamilton. Toda vez que ultrapassamos um ao outro, há uma satisfação, e sempre dói mais quando você é ultrapassado. Acho que sempre teremos isso entre a gente – recordou Alonso.
Em 2024, Alonso seguirá na Aston Martin ao lado de Lance Stroll, enquanto Hamilton continua representando a Mercedes com o compatriota George Russell. O próximo campeonato começa em 2 de março de 2024 com o GP do Bahrein.