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A Latam demitiu os três pilotos que estavam na cabine de comando do 777-300 que bateu a cauda ao decolar do aeroporto de Milão, em julho desde ano, em um voo com destino a Guarulhos. Uma investigação da autoridade de aviação italiana aponta que o incidente ocorreu porque dados errados foram inseridos no computador de bordo.
Após decolar do aeroporto de Malpensa, na Itália, a aeronave ficou voando em círculos para despejar combustível e pousou novamente no mesmo local, cerca de uma hora e meia depois de levantar voo. Nenhum dos 398 ocupantes se feriu. Os 383 passageiros foram realocados em outros voos.
Procurada, a Latam disse que não iria comentar o tema.
O incidente, chamado de “tail strike”, pode oferecer risco estrutural à aeronave. O evento pode causar danos estruturais à aeronave e, a depender da gravidade, levar à perda do controle —mas com baixo risco de fatalidades.
Em nota, na época, a Latam lamentou o episódio. Ninguém ficou ferido no acidente.
Dados incorretos
O relatório preliminar do incidente divulgado na sexta (23) pela agência de segurança de voo italiana, a ANSV, aponta que dados incorretos foram inseridos no sistema de gerenciamento de voo do computador de bordo do avião. O texto não aponta quem fez —essa tarefa cabe aos pilotos.
O relatório diz que três tripulantes estavam na cabine de comando no momento da decolagem: um instrutor, que estava comandando a aeronave no momento, um co-piloto, que estava em treinamento, e o piloto de apoio, que assumiria o comando da aeronave enquanto um dos outros membros estivesse em horário de descanso.
Rastro de 723 metros
O documento afirma, também, que a aeronave teve danos em alguns componentes como resultado do “tail strike”.
A pista do aeroporto de Milão-Malpensa ficou com uma marca de 723 metros de comprimento em sua extensão, com até 6 cm de profundidade.
Saiba mais sobre esse tipo de incidente:
Quando ocorre o tail strike?
Em decolagens, pousos ou arremetidas. quando há contato da aeronave com a pista. No caso do avião da Latam, o incidente ocorreu na decolagem.
É comum?
De acordo com um banco de dados de prevenção e monitoramento de tendências da Iata, 9% dos acidentes entre 2013 e 2022 estiveram relacionados ao tail strike. E 2022, houve 24 ocorrências desse tipo, das quais 6 foram classificadas como acidentes. Entre janeiro e outubro de 2023, houve 43 ocorrências.
O tail strike acontece mais durante o pouso ou na decolagem?
Segundo os dados da Iata, 79% dos acidentes envolvendo tail strike se deram durante o pouso ou durante arremetidas. No caso do avião da Latam, o episódio ocorreu na decolagem.
O que pode provocar um tail strike na decolagem?
Segundo a Iata, entre os motivos mais comuns estão:
A tripulação ter decidido tirar o avião depois do momento ideal, ou alguma falha na técnica de pilotagem;
Ventos, tesoura de vento ou turbulência durante a decolagem;
Aeronave fora do centro de gravidade ideal, devido a falha no cálculo de peso e balanceamento, o que a pode deixar mais pesada no fundo, por exemplo;
Inserção de dados incorretos no computador de bordo que calcula a performance da decolagem;
Aeronave configurada incorretamente para a decolagem.
Quais as consequências de um tail strike na decolagem?
No caso do avião da Latam, a aeronave foi inspecionada em busca de danos estruturais.
“Embora normalmente haja um baixo risco de fatalidades, essas ocorrências podem causar danos significativos às aeronaves, resultando em milhões de dólares em reparação e em perda de receitas” para as companhias aéreas, diz o documento da Iata — uma vez que, durante o conserto, os aviões deixam a malha aérea.
Segundo a Iata, entre as consequências e riscos mais comuns de um tail strike estão:
Perda de controle em voo
Aeronave pode parar depois da pista, caso o avião não consiga decolar;
Aeronave pode seguir voo com problemas
Se o tail strike for causado por algo na pista, como um objeto, o avião seguinte pode sofrer o mesmo problema
A Iata orienta as companhias aéreas a monitorar todos os eventos de forma a identificar os fatores mais comuns e, assim, evitar que novos incidentes/acidentes aconteçam. O documento “Tail Strikes no pouso e na decolagem – Avaliação de Risco de Segurança” também lista a necessidade de treinamentos específicos de tripulação, como com simuladores, que devem ser feitos.
Fonte: G1